apaixonado

O que fazer entre um orgasmo e outro,

quando se abre um intervalo
sem teu corpo?

Onde estou, quando não estou
no teu gozo incluído?
Sou todo exílio?

Que imperfeita forma de ser é essa
quando de ti sou apartado?

Que neutra forma toco
quando não toco teus seios, coxas
e não recolho o sopro da vida de tua boca?

O que fazer entre um poema e outro
olhando a cama, a folha fria?

sonhos

Na verdade tudo acaba de mudar,
o que sinto agora não dar pra imaginar.
Coração sabia e revelou
mostrando grandes emoções
que meu mundo transformou.
Foi tantas coisas perdidas na estrada,
Mais o tempo passou.
agora eu sei
que a vida é assim
sonhos e paixoes
sofrimentos e decisões.
Pois a parte de mim
foi esquecida,
agora meu mundo acabou.
Foi sonhos e acabou.

Coração escritor

Quero que seu coracao pulse forte quando pensar em mim..
Não quero so ti ver sorrir e simm sentir que você esta feliz..
Não importa se o dia vai ser de sol ou de chuva,
me importa sim se você vai estar ao meu lado..
Mesmo se custurarem minha boca e não puder ti beijar mais,
meus olhos vão consumir sua imagem para que meu coração a beije como você realmente merece..
O amor é a maior obra da maior obra de Deus, que somos nós!
Se seus olhos lacrimejarem,
é por que seu coração tambem sabem ler.

Essa Fada

Essa fada, essa fada é safada
Simplesmente safada, essa fada é simples e mente
E como não podia ser diferente
Usou dos seus encantos e se fez alada

Essa fada me deixou a míngua
Se foi e me negou um beijo de língua.
Como eu queria que ela fosse safada;
Safada no sentido mais libertino, essa fada.

Não quero mais essa fada que me enganou
Ao aparecer safada! não quero, acabou.
E se me quer porque voou e me deixou
Dando a entender que nem começou?

Essa fada adora a dúvida que angustia,
Eu a certeza que liberta a alma.
Ela a mesmice rotineira do dia a dia,
Eu a descoberta prazerosa de um novo dia.

Por fim, essa fada não serve para mim
Que procuro além se uma simples fada;
Serviria se fosse assim: Safada
Como as mortais das noites sem fim…

SONHO!

Nessa noite de sono, um sonho inefável, delicioso e radiante, me aconteceu.
Um sonho, de corpo presente, aquecendo meu sono e o corpo meu.
Um sonho, que em flamas douradas, carícias ousadas, o amor sucedeu.
Nesse sonho, que o sono velou, real como a luz, sua presença se deu.

E presente estava, em seu corpo de Deusa, o perfume suave da aragem do amor.
Um amor tão intenso, envolvente e tão denso, em singela oferenda, como pólen da flor.
Um amor dedicado, persistente e ousado, como a seiva da uva, embriagador.
E presente eu sentia, seu arfar de arcanjo, inebriante poesia, do divino autor.

Desse sonho me lembro, tão delicado e suave, só penugem de ave, ou orvalhar de setembro.
Aquele toque macio, aquele hálito quente, o ronronar eloqüente de uma gata no cio.
Aquele lençol alvejado, sem cetim ou brocado, envolvendo a nudez e o suor exalado.
Desse presente de sonho, que a noite me fez, despertar já não quero, pra que lucidez!

Abro o olho incerto, meu sono se vai e com ele meu sonho se esvaece por certo!
E surpreso escuto, ao meu lado na cama, o mesmo angélico arfar, de meu alivio um tributo!
E surpreso admiro, o mesmo rosto amoroso, em ressonar vagaroso, e aliviado respiro!
Aqui comigo, bem perto, está meu sonho em repouso, mover-me nem ouso, agora sonho desperto!

Instantes

“Os instantes se passaram e eu
Emudeci palavras reprimidas.
De mãos atadas, fico a lamentar minha covardia.

Para me esconder de seu perfil imponente
Finjo certa firmeza em meus gestos
Apesar de seus decididos olhos
Mostrarem o reflexo de minha total insegurança.

E, minha auto piedade leva-me
A beber copos de consolação.
Deixarei transbordá-los
A ponto de me imaginar sendo um outro alguém
Que não está embriagada por ti
Que não troca passos na calçada da solidão
Que não diz coisas sem sentir e
Que não se engana ao dizer que esta será a última vez
Que te amará.

Alguém talvez diga que minha cura seria ter-te
Mas você não seria meu maior vício?
Logo, permanecer como estamos seria minha única esperança
De salvar a mim mesma desta vida aos retalhos
Costurada por dias e noites sem sabor
Onde vejo-me na sombra da dor, e
Já não me reconheço mais.

Seguindo o sentido horário, outro dia virá
Para aquela que não é mais eu e
Ao fitar-te, não mais o reconhecerá e constatará que
Os instantes não se passaram
Apenas foi você que nunca passou por mim.”

Amor Suicida

“Teu corpo é meu suicídio.
Último suspiro antes de
minha morte sentimental.
Quero agonizar em teus braços e,
ofegante, fazer súplicas de redenção.
Confesso, meu bem, és mais forte que eu,
Pois meu ritmo segue o tom de sua voz e,
repouso ao toque de suas mãos em meus cabelos.
E, quando fecha teus olhos,
o tempo corre para minha hora de ir.
Cumpri meu papel, de morrer por cada gesto seu e,
você se deixou levar, sorriu e me amou
como eu havia pedido em silêncio.
Estamos a nos velar com um amor diferente.
Inquieto, extremista, mortal…
Aceito morrer de amor ao embalo de seus dias.
Não aceito viver dias sem
estar embalada em seu amor suicida.”

Palco Inacabado

A sociedade desaparece por entre as nuvens,
Tudo se humedece, perde a forma, a cor e a razão…
Eu, de todos o que mais gritei, falta-me a voz…Soluço!

Espero enxergar de novo onde me pretendem, qual o meu papel?!
Sou personagem figurante, cenário de papel, risco de lápis, maquiagem de actor,
Sou vestido amachucado, cortina escorrida, palco almariado ou protagonista escondida,
Serei o que quiserem, neste palco de nuvens ténues e falsos espectadores…

O autor e coreografo, não acompanham a estreia da peça,
Todos se imiscuíram da sua convulsão artística e jazem algures no nevoeiro da rotina
Sem graça, sem mascara, sem vida!

Quero encontrar a minha oportunidade,
Brilhar no palco como na vida,
Mesmo entre as nuvens da desgraça
Por o momento todos me aplaudiriam em uníssono…

Faria da minha tristeza, graça;
Levantaria as marionetas descaídas e rotas no canto!
Seria contrabaixo e traria uma orquestra de sopro…
Poderia ser burro de trabalho atrás do dia de inauguração,
Mas teria sempre as palmas, ombro a ombro…

Para frente…para frente, João,
Chega de trabalho de prego e martelo,
Chega de inutilidades e cutelos de falsa necessidade
Chegou a hora da estreia!

Será a multidão de um teatro acabrunhado?
Será que concertaram as falhas do telhado?
Os papéis e as linhas que me deste estão difusas de nervosas,
Pobres coitadas, jazem felizes de nós dois…
Serei capaz de trazer uma coroa flores?!

Primeiro acto, solto a garganta num gorgulho,
Sei as falas, liberto o orgulho que me mata,
Bato o pé por Moliére e a cortina em brisa no cabelo,
Olho a luz lá no alto, sou Deus naquela noite, sou Deus por uma noite…

A dança e a cantiga são minhas companheiras de infortúnio,
Naquela bênção encomendada,
Piropos, vénias e piruetas, durante toda uma noite louca e minha!

Ultimo acto, um final estrondoso
Fogos de artificio a estalar na estalagem de cultura,
Ninguém estará indiferente ao passar da arte pura,
Sem constrangimentos, sem fios de corda…

Parei só no palco, olho em frente
Desprezaram a verdade em detrimento do doente
Da mentira preguiçosa e suja mas as palmas não ecoaram
Não chegou no fim a peça que seria eternizada!
Mil anos para a relembrar ou para esquecer, será para sempre minha,
Será para sempre inacabada!