Instantes

“Os instantes se passaram e eu
Emudeci palavras reprimidas.
De mãos atadas, fico a lamentar minha covardia.

Para me esconder de seu perfil imponente
Finjo certa firmeza em meus gestos
Apesar de seus decididos olhos
Mostrarem o reflexo de minha total insegurança.

E, minha auto piedade leva-me
A beber copos de consolação.
Deixarei transbordá-los
A ponto de me imaginar sendo um outro alguém
Que não está embriagada por ti
Que não troca passos na calçada da solidão
Que não diz coisas sem sentir e
Que não se engana ao dizer que esta será a última vez
Que te amará.

Alguém talvez diga que minha cura seria ter-te
Mas você não seria meu maior vício?
Logo, permanecer como estamos seria minha única esperança
De salvar a mim mesma desta vida aos retalhos
Costurada por dias e noites sem sabor
Onde vejo-me na sombra da dor, e
Já não me reconheço mais.

Seguindo o sentido horário, outro dia virá
Para aquela que não é mais eu e
Ao fitar-te, não mais o reconhecerá e constatará que
Os instantes não se passaram
Apenas foi você que nunca passou por mim.”

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