SONHO!

Nessa noite de sono, um sonho inefável, delicioso e radiante, me aconteceu.
Um sonho, de corpo presente, aquecendo meu sono e o corpo meu.
Um sonho, que em flamas douradas, carícias ousadas, o amor sucedeu.
Nesse sonho, que o sono velou, real como a luz, sua presença se deu.

E presente estava, em seu corpo de Deusa, o perfume suave da aragem do amor.
Um amor tão intenso, envolvente e tão denso, em singela oferenda, como pólen da flor.
Um amor dedicado, persistente e ousado, como a seiva da uva, embriagador.
E presente eu sentia, seu arfar de arcanjo, inebriante poesia, do divino autor.

Desse sonho me lembro, tão delicado e suave, só penugem de ave, ou orvalhar de setembro.
Aquele toque macio, aquele hálito quente, o ronronar eloqüente de uma gata no cio.
Aquele lençol alvejado, sem cetim ou brocado, envolvendo a nudez e o suor exalado.
Desse presente de sonho, que a noite me fez, despertar já não quero, pra que lucidez!

Abro o olho incerto, meu sono se vai e com ele meu sonho se esvaece por certo!
E surpreso escuto, ao meu lado na cama, o mesmo angélico arfar, de meu alivio um tributo!
E surpreso admiro, o mesmo rosto amoroso, em ressonar vagaroso, e aliviado respiro!
Aqui comigo, bem perto, está meu sonho em repouso, mover-me nem ouso, agora sonho desperto!

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