Acordei quando o sol tava nasceno
meu carijó tava cansado de cantá
minha cacunda já tava dueno
então resolvi me alevantá.
Enfiei a butina no pé
puis uns graveto no fogão
acendi o fogo,esquentei o café
enrolei um pito,acendi ele no tição.
Fui no paió de milho,enchi o balaio
tirei leite da vaca malhada
dispois tratei do meu baio
e do resto da bicharada.
Já tinha tratado das criação
não tinha mais nada pra fazê
encostei distraído num moerão
garrei a pensar no meu vivê.
Olhava pro meu ranho de pau-a-pique
que fica nas marge dum corguim
não tinha conforto não era chique
mais tava bão demais pra mim.
Meu cachorro preguiçoso dormia
debaixo dum pé de mamão
a passarinhada alegre fazia
no arvoredo um baita barulhão.
Um João-de-barro pulava apressado
campeava bichinho pra comê
um beija-flor batia a asa parado
chupava o mel nas flor do ipê.
De repente eu senti no ar
um cherinho de mandioca frita
escuitei uma voiz me chamar
era a minha mulhé,a Rita.
A Rita e mais treis mulequinho
formava a minha família
o Valdivino,o Dodô, o Vitinho
a maió riqueza que eu possuía.
Cocei a nuca por debaxo do chapéu
acendi meu pito que tinha apagado
levantei os zóio pro céu
e disse: meu Sinhô,muito obrigado.
O caboco que tem na vida
uma família e um lugá pra morá
uma casinha,memo sendo escondida
ansim que nem a minha nesse lugá.
Pode senti muito orgulhoso
a felicidade é a gente que fais
sê caipira não é vergonhoso
só não pode sê priguiçoso demais.