PÉRIPLO DA VIDA

Figura refletida num espelho
relembra a imagem real,
É para você que eu olho
quando a casa está vazia,

E nas escadas que tão altas e baixas,
nos vãos gélidos de uma peça solitária.
Procuro rememorar você!
Que num curto espaço me fez paixão,
inteligência, adoração,

Ardendo e doendo num fogo que queima,
mas não tarda em se apagar.
Se que estamos em outras férias!
A minha nau já partiu e está no meio do Atlântico,
Aportando numa ilha, abaixo da sombra suave das tamareiras.

Sinto vontade de regressar,
Retomar quem sabe um outro barquinho,
Deixar-me conduzir pelas correntes tépidas
cansadas do mar primaveril.

Se tudo fosse como antes!
Se o efeito ainda durasse!
Mas passou, tudo passou,
e ainda passa correndo, desenfreado e louco,

O idioma da vida, agora se torna letra oculta e palavra morta,
Mas como entender a morte estando ainda vivo?
Como desejar a noite se não passo o meio-dia?

Quando vier o momento, cada instante será uma lágrima,
e cada minuto uma lembrança a mais.
As lembranças servirão como um consolo desolado,
A saudade, hoje mágoa por não ter vivido, tornar-se-á esperança,

Esperar outra vez!
Esperar o nascente, o poente e todo o calor da luz que nos cega conscientes.
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