Inté hoje eu me lembro do meu tempo de menino
morava com minha tia,e o meu tio Marcolino
no sul de Minas Gerais,no Sítio do Barro Fino
a terra dava de tudo,do melão inté o pipino.
Rabanete,beterraba,da terra tava saíno
tomate,feijão de vara,na taquara ia subino
pimentão e birinjela do pé já tava caíno
uma fartura danada tinha o Tio Marcolino.
Minha tia Maricota vivia me perseguino
eu vivia sempre correno,desceno e subino
no meio das prantação passava o tempo divertino
ela gritava bem alto:-Ô capêta de menino!
Não aperta a birinjela porque ela tá caíno
gritava do outro lado o meu tio Marcolino
não cutuca o tomate,não machuca o pipino
não derrube a taquara que o feijão já tá subino.
Gostava daquele tempo,hoje eu recordo sorrino
do meu cachorro rusguento que vivia só latino
eu brincava o dia intero no Sitio do Barro Fino
o meu tio resmungava:- Ô capêta de menino!
Não bilisca o jiló porque ele tá florino
não enrosque no cipó do melão e do pipino
minha tia Maricota e o meu tio Marcolino
gritava o dia intero:-Ô capêta de menino!
Usava como transporte o juriquinho Rufino
um balaio de cada lado pela estrada ia seguino
o meu cachorro rusguento mais atrais vinha latino
quando o jegue empacava eu ficava assistino.
O meu tio cutucava o trasero do Rufino uma taquara comprida,na ponta um prego fino
o jeguino dava coice no meu tio Marcolino
jogava tudo pra longe,na puera ia sumino.
Rabanete,beterraba,melância e melão
tomate,feijão de vara,birinjela e pimentão
mandioca e batatinha,inhame,cenoura e nabo
pipino,batata-doce,abobrinha e quiabo.
Tudo isso misturado,espalhado pelo chão
uma salada danada,uma grande confusão
o jeguinho se mandava,correno pelo estradão
inté hoje eu me lembro,guardo na recordação.
Quando penso no passado sem querê fico sorrino
minha tia Maricota e o meu tio Marcolino
me batia,me xingava:-Ê capêta de menino
larga mão de dá risada e trais de volta o Rufino!