Metamorfose

Sou cria do interior, gerada em noite de luar
Forjado na lida do campo em meio à geada
Tive infância bem vivida, não posso me queixar
Mas aprendi a ser gaudério, bem no início da empreitada

Já levantei bem cedinho pra olhar os bois na invernada
Acender o fogo de chão utilizando o braseiro
Já quebrei milho na roça, já cheguei de madrugada
Procurando os desgarrados que estavam no potreiro

Já amanheci acampado ao lado da cachoeira
Esperando o temporal pra sujar a água do rio
Preparando o anzol com a linha de primeira
Para pescar o dourado e vencer o desafio

Já amanheci mata à dentro, tirando tatu da toca
Dando lance de rede, para tirar as traíra
Nunca corri de briga, muito menos de chinoca
Índio “véio” peleador, se hoje encontro me admira

Tanta coisa eu já fiz, que às vezes até me espanta
Tantos bailes eu já fui, tantas prendas namorei
De tanta prenda bonita, só uma hoje me encanta
É a dona do meu rancho, chinoca com quem me casei

Para encurtar nossa prosa, já estou sentindo saudade
Tudo aqui é diferente do que eu estava acostumado
Larguei a lida do campo e vim morar na cidade
Aprendi a fazer versos para relembrar o passado
Não tenho muito dinheiro, mas tenho felicidade
Sou amado e sei amar, sou poeta apaixonado.

Luis Roggia 28/Jan./2010

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