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Lá vem o vento uivante dos gélidos vales sagrados,
Das ondas quebradas em qualquer rochedo,
Onde sopra constantemente uma brisa fugaz.

Vem trazendo as cinzas do presente,
Que no passado foram fogo,
Ferido a ferro, resistindo forte aos berros,
Mas apagado pelo vento que o matou.

Passou forte e durou pouco, mas as casas caíram
E a chuva inundou meus lábios, e molhou minha mão.

Lá em o vem o vento quente da areia solta,
Da água que não para a distância,
De onde brotam os grandes rios que finalmente deságuam no mar.

Ele vem sem demora, perto está!
Ouço sua aproximação.
Ele sopra forte e não vai parar.
Talvez até se torne uma brisa, ou uma maresia pueril.

Lá vem! Chegou outra vez.
Perdi-me na água sem saber nadar,
O farol apagado abriga os últimos barcos salva-vidas.
Esse desespero provocou meu fim.

Na auto-estrada, numa curva perigosa,
Vi escrito no céu como minha vida é confusa
E os olhos brilhantes de lá piscaram aprovando minha rebeldia,
E o carro foi rodando pela rua vazia.

Enquanto o barulho for intenso estará envolvendo cada pensamento,
Embalado pelo sopro gélido do vento uivante,
Guardado na caixa proibida, trancado com meus desejos insanos.
E curado pela sensação ilusória do meu bem estar.

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