MANUSCRITOS PERDIDOS

Quantos gritos ainda preciso ouvir?
Em quantas mãos ter de ser impressa,
a marca lasciva e violenta de um toque forte e quente,.
Para finalmente olhar nos becos da consciência,
A vaga memória perdida de um carinho devastador?

Se olhar fosse sentir, olharia mais e mais o seu retrato.
Lembraria com ternura um instante que não há muito, passou.
Fiquei cego com a ilusão de viver uma nova vida!
Ter o que de fato não tenho, só para saborear um pouco,
E ao mesmo tempo sentir o vento que desmancha meus cabelos.

Não foi ruim trocar de lugar com o rocinante.
Até pensei que pudesse estar carregando o rei da espada encantada,
Mas o que pude perceber é que me transformei no cavaleiro da triste figura.
Os moinhos de vento me jogaram para o alto,
E a cada cavalgada certa, certo foi o meu prazer.

Somente a chuva de inverno é que me fez parar.
Ainda que me visse por inteiro e não tivesse ali outro de mim,
Saberia que não foi apenas um começar noturno, mas
uma força que aproxima o despertar
num dia talvez sem graça, sem fome e sem farsas.

Agora o mundo solicita os esforços dos legionário sem general
Talvez devesse ainda digladiar ou quem sabe dormir,
entorpecido pelo cheiro do vinho e hortelã
Mas o que posso fazer abandono,
e tudo aquilo que abandono gostaria que fosse possível fazer.

Assim me enquadro nesse quarto,
Durmo o sono nostálgico de quem já gritou, bradou, apanhou,
E finalmente se despediu da realidade abstrata, desse mundo caótico
E desse louco momento cego entorpecido e inexato.
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