EU E MEUS MUNDOS

Veja! Não há mais ninguém em casa agora,
E lá fora o campo que verdeja
Há muito não é o mesmo que viceja em mim…
Essa distância toda me apavora!
Nada mais! Somente a brisa oriental me alveja,
Sopra com saudade das praias atlânticas do passado,
Acompanhando meus passos errantes pelo jardim…
E como tenho andado!
E como tenho sentido a chuva assídua de lembranças,
Reminiscências lacrimosas de antigas esperanças!
Chuva fina, persistente, infinda…
Cortina de névoa e paixão que me protege do coração tirano
Do carrasco ébrio de frieza, indiferente às vítimas que produz,
Que todo embrião de amor platônico que encontra por perto,
Por não crer nele, às cinzas da negação sinistramente reduz!
Fogo vermelho, iracundo, sangue airado do deserto,
Assim é o desamor: combustível emocional da rejeição,
Algemas frias para as mãos cálidas do coração,
Sentimento tão afeto à impressão moral da dor
Quanto desafeto à expressão sensível do amor!
Nos seus domínios meu coração em chamas sobrevive ainda,
Revivendo a fantasia que imaginei em cada mundo inspirado
Pelas imensidades inorgânicas: céus azuis, mares profundos…
Temas eternos das aventuras românticas que sonhei acordado
Nas estações dos doze meses solares do calendário gregoriano,
Poesias livres que nasceram da relação entre eu e meus mundos!
Mas o mundo deu muitas voltas, e o tempo demoliu as velhas casas,
E as petúnias negras murcharam nos tristes jardins! O que vingou
Em mim, de todos os mundos volúveis de outrora, deu-me asas
Para chegar aonde agora, em paz comigo e a vida, assim feliz estou!

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