O tanto que eu tenho p'ra te falar
de um amor ligeiro no entranhar
eu só vou saber como dizer
vendo nos olhos que são teus – inteiro teu ser
Eu nasci do nunca ao te encontrar
levantei da chuva e fui depois do tempo
ver o que há
Eu fui silêncio e escuridão em outra vida
o teu amor fez de mim o menestrel
de uma paixão merecida
que não acaba recomeça sem nunca terminar
como o céu que continua bem depois do mar
– enrolando o abismo
E por tanto que eu te tenho amada
de uma dedicação sem fim, desembestada
a minha ira é só o cismo
do medo louco de um dia te perder, porquê
sem você sou só um pedinte do que comer
Ao teu amor o que é mero é infinito
como posso existir se é no teu corpo que me sito?
Como é possível ao homem são permanecer
estável se é no sexo que o alarme destrava
o quem do ser?
O muito nunca é bastante quando se trata
de te fazer amor, a fartura da tua oferta
é mais fértil do que o orvalho na mata
E só depois de desmontar o fogo consumindo cada faísca
é que sou digno de sentir na fome a vontade
de me dar inteiro na tua boca arisca
porque o amor nasceu em mim vindo de um sonho
que a realidade desabrocha sem mais tamanho
feito um menino que se põe a imaginar