Cacofonia

Amaro Pinto, agora homem de pouca fé, dirigiu-se até o Shopping Tudo, pois foi informado que sua encomenda chegara. Vez passada, não encontrara um conjunto completo de ferramentas, levando a ter que pagar vinte reais por cada peça individual. Chegou à loja e foi surpreendido com o fato de que, desta vez, lá tinha de tudo! Porcas, ferrolhos, chaves de fenda e pés de cabra!

As crenças de Amaro andavam abaladas e, por tal motivo, não comparecia às suas atividades religiosas. Havia dado um tempo para si mesmo, a fim de revitalizar-se sem intermediários. Enquanto deliciava-se com a visão das prateleiras, uma mão puxou-o para um lugar parecido com um tribunal.

“No cume chegaste, irresponsável homem!” disse com voz de trovão uma criatura fosforescente. Como ela possuía aspecto raquítico e asas, somadas à uma estatura minúscula, o réu julgou ser uma fada.

– O que fiz eu, alegórico ser?

– Antes tu possuías fé demais. Agora não tendes nada no peito.

– Por razões pessoais! E no que isso impacta para vocês, seres mitológicos?!

– É a tua razão de viver que se disputa.

– Já tinha escolhido um lado, mas a maldade do mundo me faz muito triste.

Foi quando ouviu as seguintes palavras serem proferidas da boca dela:

– Não te deixais assustar pelas obras alheias. Cada coração é responsável pelo peito que o guarda. Faze jus ao teu livre arbítrio e espalha para os malfeitores o que acreditas ser certo. Dá tua outra face.

“Essa fada está certa”, pensou Amaro, comovido por discurso tão belo. Decidiu redimir-se.

– Tens razão! Obrigado por ter me tido ao seu lado e por reavivar minha fé.

Acordou no mesmo lugar, como se tudo o que passara fosse apenas um sonho. Mais uma vez ciente de seus objetivos, regressou ao seu lar e estabeleceu metas para o final de semana.

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