Lá se vai à tarde de mais um dia que passa
E leva consigo todos os sonhos que desejei realizar.
Sonhos que em candura e inocência
Nos idos tempos de infância e adolescência
Me propus criar.
E como é bom sonhar
Com o mundo da utopia de Shakespeare.
Não conhecer a maldade e a competição
Deste mundo animal.
Viver num paraíso de amor. Paz entre os homens.
Lembro-me como se fosse hoje,
Ao anoitecer, a primeira estrela a brilhar.
Na convicção de quem realmente acredita, fiz três pedidos:
Uma bicicleta, uma bola de couro, e
A felicidade para toda a humanidade.
Lá se vai à tarde, como todas as outras tardes
E com ela vai a vida,
E vai também o tempo que a governa.
O relógio até para, mas o tempo não.
Os sonhos também se vão…
Chegará o dia em que a velhice teimará em bater a porta.
Terei que deixá-la entrar e direi:
-Já que não posso te recusar venha,
Catalogue comigo a vida!
Porém antes me diga: – O que é a vida?
Talvez será no final de uma tarde, uma mais que vai passar
O dia em que me darei conta
De que a velhice será minha derradeira companhia.
E os sonhos? A vida terá sido um sonho?
Será que irei me frustrar?
Se isto é que é vida
Deixarei a vida passar.
Josias Souza (Jô)
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