AQUARELA DE UM SONHO
Aquarela de mulher excêntrica e vaidosa,
Como é estranho este teu lângüido pensar!
Tens a cisma persistente e assaz desastrosa,
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar.
Satírica maneira que te faz tão escabrosa,
Vendavais rumorosos arranjas por gostar,
Sou teu alvo certeiro, ó arqueira ardilosa!
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar.
Não és ninfa de desejo, mas… fastidiosa,
Ser monturo, desejando a todos enganar;
Tu és frívola e tens a honraria desditosa,
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar.
Ausentas-te do delírio em ser carinhosa,
Que tanto te preocupas em querer mostrar,
Tens n’alma a drofa de mulher inditosa,
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar.
Centúria de mulheres lindas e formosas,
Tem no escaparate do mundo a sobrar,
Teu amor que dás são chagas dolorosas,
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar.
Fiteiro de princesa não te faz div’airosa,
Nesta vida soturna nada tens a acrescentar,
Lembras-te que nunca foste a espirituosa,
Mas, eu te amo, e jamais vou-te deixar!
Rivadávia Leite