Palmeira real

A palmeira balança ao sol
dá boas vindas ao astro-rei
brinca com a brisa fresca e
faz reverências ao mar!

Verde palma no horizonte
a vida renova, sem limites
em cada folha que brota:
um ato, um acontecimento.

Em seus seios, seus frutos
oferece, o líquido vital que
sacia, hidrata e revigora
em cada coco que vinga.

Que sombra tão generosa,
de Itapoã, Copa e Varadero,
és abrigo, remanso, fonte
de nutrição e de inspiração…

AjAraújo, o poeta humanista

Peregrino

Sou o deserto,
o próprio espelho do astro-rei
solitário, aqui vivo de miragens
nos mistérios que atraem viajantes…

Sou cenário de lutas e derrotas
na minha árida paisagem
segredos se escondem nas areias
onde circulam beduínos e camelos…

Em meu solo se espalham vultos e rastros que desaparecem no instante em que surgem as evoluções da dança mística vento, meu eventual companheiro…

Na imensidão, no silêncio
das minhas noites gélidas,
dos meus dias de calor fatal
nada é tão dialético, belo e triste…

Sou como o lobo das estepes
ou mesmo como águia que plaina
no infinito deste azul, dessas montanhas
Trago em mim a própria solidão

Como ecoam ruídos de uma ampulheta
de um espaço-tempo inerte,
brilhos de estrelas a milhares de anos-luz coroam e estendem o manto para meu sono…

Como permanecem em meu leito,
seres que resistem e teimam à sina
de viver no limite extremo da realidade, como peregrino, faço também a minha rota.

Se aqui todas as forças da natureza
vicejam como nunca a sua essência
me sinto um palco das paixões e pulsões
que existem em cada minúsculo ser do universo.

AjAraújo, Primavera, 2002.

Sol e Lua

Ó lua que tanto me fascina,
Com tua beleza me ilumina

Ó sol que tanto admiro,
Em teu fogo ardente,
Eu me inspiro.

Ó céu de nuvens brancas,
O teu azul me encantas!
Em ti estão minhas maiores paixões:
O sol e a lua, dos quais tiro belas canções!

Agradeço

Agradeço ao céu
De me der as estrelas
Agradeço ao mar
De me dar os peixinhos a nadar
Agradeço a lua
Por vim me fazer companhia nas noites solitárias de nostalgia

Eu quis agradecer mas o céu era alto de mais
E o mar me afogava
A lua não me ouvia
e tudo ficou estranho, fazio

e então depois de muito tentar
fiquei cansada e fui deitar
olhei para o céu e comecei a rezar
para que as estelas nunca deixasse seu céu
e que os peixinhos não parassem de habitar o mar
e para que a lua não me deixasse só á chorar

QUIMERA

Noite extremamente clara
Mil estrelas cintilando…
Da janela do meu quarto
Bem em direção ao céu
A imaginação ao léu
Deixa a mente fervilhando,
Se o poeta é um sonhador
Eu quero viver sonhando.
De súbito um imenso clarão
Aproxima-se da janela
Surge um raio de luar
E conduz-me a passear;
Sinto-me livre no espaço
Bem pertinho das estrelas
Como se fosse criança
Feliz ao ganhar um brinquedo,
Pois posso acariciar a lua
Que hoje despontou mais cedo,
Emaranhar-me no brilho ofuscante
Com que ela me presenteia;
Não sei o que é mais bonito
Não sei o que é mais cativante
Se o reluzir das estrelas
Ou os raios da lua cheia.
Olho ao redor dos astros
Vejo um anjo que flutua
Ao som melodioso da harpa
Com suas asas de plumas
Transpondo as nuvens de espuma
Misturando-se às estrelas
E aos raios faiscantes da lua.
Nisso eu ouço um ruído…
Desperto um pouco assustada
Avisto aves noturnas
Eufóricas em revoada
Passando por minha janela
Em busca de abrigo seguro
Para a fria madrugada.

ETERNA MELODIA

Aproxima-se o verão
Surge no céu um sol cálido
O meu coração se aquece
De amor o meu ser se faz ávido;
Componho uma melodia
Que expressa sentimentos
De amor e de euforia!
De repente, as folhas caem
Cedendo lugar ao outono
E eu baixinho aqui cantando
Meu violão dedilhando
Prestes a pegar no sono,
Sob a árvore desnuda
A melodia ensaiando.
Vem o vento e sopra frio
Trazendo consigo o inverno
E eu ainda aqui sonhando
Ao relento versejando
Entoando um canto terno,
Sob a estrela que vagueia
E a lua que me norteia.
Brotam finalmente as flores
Já desponta a primavera
Da jovialidade e das cores
Do amor como primazia;
E com pássaros cantores
Vou compondo em parceria
Minha eterna melodia!