UM CASO DE AMOR

Cada um vive num canto do universo
A iluminar a imensidão do infinito
Apesar de estarem sempre tão distantes
Encontram-se excepcionalmente
E esse encontro em alto estilo é celebrado
Com o eclipse, um cenário fascinante!
Ele é caliente, é chamado de astro-rei
Ela encanta os corações mais insensíveis,
Ambos são belos, atraentes e brilhantes
Contemplá-los é sempre gratificante!
Ele foi e sempre será solitário
Acostumou-se a viver isoladamente
Ela tem inseparáveis companheiras
Pequeninas, vistosas e reluzentes;
Enquanto ele aparece à luz do dia
Ela aguarda a noite para se mostrar,
Quando ele começa a se recolher
Lá está ela já prestes a despertar,
Ele é calor, vivacidade e alegria
Ela é mistério, romantismo e magia,
Conservador, ele traz sempre a mesma imagem
Criativa, ela exibe quatro roupagens,
Ela é noturna, é revestida de prata
Ele é diurno, é revestido de ouro,
Talvez sejam todas essas diferenças
O segredo desse amor tão duradouro!

S.O.S. PLANETA

Poluição, desmatamento…
É o planeta em perigo
Por ação do próprio homem
Que ao invés de usufruir
Da terra, do verde e do mar,
Degrada o meio ambiente
Ameaça o ecossistema,
Comprometendo a existência
De animais e vegetais
Acuados, indefesos…
Sem meios de sobrevivência.

Tudo dentro do universo
Vive em plena sintonia:
A árvore procura o sol
Os animais buscam plantas
O homem depende da terra
E todos carecem de água;
Pura expressão de harmonia
Entre todo ser vivente
Que coabita o planeta.

A água e o solo perecem
A terra pede socorro!
Enchentes, calamidades…
Espécies em extinção;
O céu se tornou escuro
As águas não são cristalinas
As matas já não são verdes
O ar deixou de ser puro.
São efeitos, com certeza,
Do grande descaso do homem
Para com a natureza.

PRIMAVERA

Os pássaros bailam no céu
Num cenário de esplendor
Cantos alegres entoam
Saudando a estação do amor,
É a primavera surgindo…
Envolta em sonho e magia
A relva em flores se abrindo
Momentos de eterna poesia!

O sol que de longe assiste
Com seus raios fulgurantes
Ao cenário não resiste…
Surge no céu nesse instante
Para surpresa e deleite
Desses verdejantes prados
Repletos de copos-de-leite
De gotas de orvalho molhados.

Primavera tão sonhada
Prelúdio de encanto e de cores
A esperança é renovada
Renascem muitos amores,
Há mais beleza e ternura
Campos plácidos, floridos…
Que trazem de volta a candura
Dos tempos outrora vividos.

Brotaram cravos e rosas
Açucenas e jasmins
Tulipas mais suntuosas
Ornamentando os jardins,
Dando pouso às borboletas
Inquietas e cativantes
Que voam em meio às violetas
Num matizado constante.

Contemplo a alvura do lírio
O viço incomum das bromélias
Beija-flores em delírio
Acariciando as camélias,
É a natureza que empresta
Seus folguedos multicores
Numa homenagem modesta
À eterna estação das flores!

Tamanha grandeza culmina
Com o cândido céu azulado
Da tarde que aos poucos termina.
Gaivotas exibem o bailado
Ao mar que a tudo observa
Com murmúrios orgulhosos,
Pois com magia conserva
Seus encantos imperiosos.

Surge a noite e encobre os campos
Lua e estrelas ela traz
É a vez dos pirilampos
As flores repousam em paz
Para amanhã bem cedinho
Ressurgirem mais formosas
Num brinde de puro carinho
À eterna estação das rosas!

A EXTINÇÃO DA FAUNA

Cadê a ararinha-azul?
Foi extinta da natureza
Por ação dos caçadores,
Temidos depredadores
Que simplesmente a venderam
Para colecionadores.
Cadê o mico-leão-dourado?
Ainda ontem foi capturado
Para ser comercializado.
Cadê a onça-pintada?
É espécie ameaçada,
De algumas regiões
Já foi totalmente extinta,
Teve a pele retirada
Ou talvez esteja acuada
No alto de alguma árvore,
Ou talvez até quem sabe
Tenha perdido seu habitat
Por conta do desmatamento
De forma indiscriminada.
Cadê os outros grandes felinos?
O tigre, o leão e o leopardo
Também já foram abatidos
Ou vivem ameaçados
Sem chance de sobrevivência,
Assim como os gatos selvagens:
A onça-parda e a jaguatirica.
Cadê os insetos e répteis?
Foram vitimas do contrabando,
Da biopirataria
Ou talvez da poluição.
Carnívoros, aves, baleias…
Golfinhos e tartarugas
Sendo extintos com frieza
Pelas mãos do próprio homem
Matando e capturando,
Depredando a natureza.

LUA

Rasgando o negro véu da noite surge a lua
Eterna musa inspiradora do poeta
Que o acompanha pelas noites solitárias
Com seus intentos rapidamente se entrosa
Somente para ser cantada em verso e prosa.

Lua discreta que desponta sorrateira
E a face oculta da noite vai descobrindo
Com as estrelas tem grande cumplicidade
Flagram juntas o que é feito às escondidas
Enquanto o sol a sono solto está dormindo.

Lua silente, testemunha dos amantes
Ouvidora de suas juras e sussurros
Conhecedora de seus velados segredos
E de seus tantos devaneios incessantes.

Lua que brinca de se esconder do sol
E ao redor da terra gosta de viajar
Lua atraente que o homem busca alcançar
Para um por um de seus mistérios desvendar.

Lua que é tema de inesquecíveis canções
Violeiros por ela são inspirados
Há quem diga que ela acalenta sonhos…
Há que afirme que ela é dos namorados.

Irresistível tomar um banho de lua
Apreciar o belo luar do sertão
Dedilhar a viola enluarada
Deixar a lua se transformar em canção.

Lua que rege, que governa, que domina…
Que embriaga, que inspira e que seduz,
Seja crescente, cheia, nova ou minguante
Seja do ébrio, do poeta ou dos amantes.

UM SONETO À NATUREZA

Quero ver de novo o verde dessas matas
Ver essas águas abundantes, cristalinas,
Poder banhar-me nesses rios e cascatas
Saciar a minha sede nessas minas.

Quero banir essa cortina de fumaça
Que deprecia o azul do céu e do mar
Ver preservadas essas imensas geleiras
Garantindo a vida do urso polar.

Quero ver flores adornando esses canteiros
Peixes, baleias e golfinhos resguardados
A arara azul liberta do cativeiro.

Pena que o homem ainda não tenha consciência
Do patrimônio que a ele foi confiado
E não lute em prol da sobrevivência.

VIAGEM UTÓPICA

Hoje eu vou pegar carona
Nas asas do pensamento
Sobrevoar as montanhas
Ultrapassar o horizonte…
Sentir o afago das nuvens
Ir até o firmamento
Visitar o sol poente
Da terra se despedindo
Ver de perto a noite vindo
Trazendo com ela as estrelas,
Conhecer o esconderijo
Da lua cheia prateada
Que desponta tão calada
Para então, de mãos dadas,
Eu, a lua e as estrelas
Comemorarmos o encanto
Da noite airosa e faceira.
Já em plena madrugada
No silêncio mergulhada
Sobrevoarei as geleiras
E espiarei lá de cima
Do alto da cordilheira
A neve em flocos caindo…
Os montes e vales cobrindo
Ornando de branco a paisagem,
Mas quando a aurora romper
Já estarei bem distante,
Pois junto à estrela-d’alva
Brindarei o alvorecer!
Será mais um novo dia
Por isso eu irei festejar
Abraçada ao sol nascente
A esperança eu vou saudar!
Farei um vôo rasante
Sobre a imensidão do mar
Apreciando suas ondas
Inquietas a murmurar,
Avistando as gaivotas
E o veleiro a deslizar…
Deixando o frescor do vento
A minha face tocar.
Sobrevoarei em seguida
Em viagem vespertina
Todo o verde da floresta
A fauna, a flora, a vida…
Entre pássaros cantores
Que brincam fazendo festa
Enquanto o dia termina
E a noite mais uma vez
De mansinho se aproxima,
Hora de pegar carona
Com a estrela cadente
E voltar à realidade
De um mundo bem diferente…