FRASE IMPENSADA

No silêncio dos teus olhos
Pude ler uma frase
Impensada me dizia
Que os olhos traduzem em lágrimas
O que sente o coração.

No silêncio dos teus lábios
Pude ouvir uma frase
Insensata me dizia
Que os lábios traduzem em palavras
O que sente o coração.

No silêncio das tuas palavras
Pude notar uma frase
Indesejada me dizia
Que palavras traduzidas de um lábio
Desmente o coração.

No silêncio das tuas lágrimas
Pude esconder uma frase
Inspirada me dizia
Que ao ler o interior daqueles olhos
Não havia tradução.

Pelo autor Marcelo Henrique zacarelli
28/novembro/2003 Itaquaquecetuba (sp)

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Olho agora para o meu espelho.
E olho o olho que me engana.
Ninguém sabe…
esse meu batom vermelho,era um escarro de sangue que veio da minha garganta.
Chorei ao amor que me partiu,sobre a minha sombra fugidia!!
Matei o amor que me mentiu,sangrei
calada noite e dia…
Eu sou a esperança que passou,sou a brisa que corre e tudo rasga,sou o pedaço de uma alma.
Alguém que por amar nunca amou.
Fecho os olhos…sinto-me voando.
Mas há alguém no meu ouvido sussurrando:
“Abre teus olhos de tola para enxergar,a mulher que no espelho está chorando.”

A DOR DO PARTO

Vara-me a madrugada
E me assalta de imaginações
Cala-me a voz
Como a noite sozinha
E vadia meus prazeres…
Segundos me separam
De realizar um absurdo
E detém-me acordado
Na prisão de um quarto;
Vara-me estranho julgar
Dilacera-me de indagações
Enfarta-me no algoz
Como a morte faminta
Na gula de haveres…
Vara-me em absoluto
Como o filho de fato
Que me parte neste ato;
Vara-me a luz que me cega
De terríveis alucinações
Cala-me coração em nós
Nesta despedida
Eis que é tua meus sofreres…
Segundos me separam
Deste mundo
Uma vida na qual dado
Foi tomado
Na mesa de um parto.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Village Dezembro de 2008 no dia 22

DESILUSÃO

Há tempos ouvi dizer
De estórias que… Por alguém morrer
Ou viver… Sem alguém, se perder…
O amor com saudade do ódio
O bem e o mal, por sinal!
Juntos em um mesmo objetivo
No coração pulsar, furtar, sofrer…
Como ouvi dizer, há tempos…
O amar, o trair se enganar…
No olhar que cega este meu duvidar
Desenganos… Hó quantos
Sorrisos profanos, e desilusão…
Quando se senti escapar pelas mãos
Uma vida, uma saudade, uma lida…
Da perversa soma subtraída
Os anos de quem amei ou odiei
Nos versos desta poesia recitei
Sei que ainda vou amar odiar e sofrer
Como há tempos ouvi dizer.
Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli / Dezembro de 2008 no dia 12

FUNERAL EXÓTICO

Morte que tanto te quero
Gozo-te, pois a mim…
Tu chegastes
Prendo-me a ti
Pois de ti sou pedaço;
Deveras saber meu eu…
Extirparei de ti
Como noiva arrependida
Lutarei contigo
Até que vencido
Não mais me resistas;
A propósito
Quando foi mesmo
Que quase nos vimos
Pela última vez;
Mal quero saber
Porque me deténs
As tuas flores
A ti eu entrego
As lágrimas de outrem
De ti eu renego;
O jovem que sou
Mal podes me reconhecer
Porém quando
Não houver mais jeito
A ti eu me entrego
O que de ti lhe tomei
Emprestado devolver-te-ei
De teimoso viverei alguns dias.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
28/agosto/2003 Itaquaquecetuba (sp)

Oposto Sarcástico

Prefiro a ti morte…
Que a vida que me trai
Morte sozinha, repentina!
Que a vida que desfaz.

Preciso a ti morte…
Pois a vida não me atrai
Morte continua, sofrida!
Longe dos meus ideais.

Prefiro a ti morte…
No último suspiro
Que me abraça após a vida!
E despede após um tiro.

Insisto em ti morte…
Eis a vida que se vai
Morte rompida, morte vencida!
Que saudade não me trás.

Outrora tenho visto
Com amargura…
A sepultura que por mim espera!
Despeço-te de ti vida
Que apesar de sofrida
Da solidão por um momento
Me liberta.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Novembro de 2003 no dia 06
Itaquaquecetuba (SP)

A MORTE

De que importa se morri…
Envenenado ou de saudades

Debaixo deste sol tão quente
Estou morrendo de sede
Da vontade que me consome
Estou morrendo de fome…

De que importa os verbos e predicados
O gato tem sete vidas!
Hó quantas miseráveis vidas ainda tenho?

Enquanto um menino morre de vontade
Morro de saudades
Ás vezes morro pela idade
Avançada, como no sinal vermelho…

Às vezes morro de vergonha
Morro de ciúme
Morro da rocinha, do Rio…
De janeiro, de dezembro…
Morro por uma bala perdida
Como um jovem suicida
Ou entorpecente
Como idoso sem os dentes…

O que me espera após a morte
Ao termino desta poesia
De que importam os erros de ortografia
Pois a morte não tem hora
E nem avisa.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Fevereiro de 2006 no dia 24
Itaquaquecetuba (SP)

CORPO VIOLENTADO

Visão obscura
Nas feridas de um corpo
Insensatez de ternura imatura
Doença sem cura
De um corpo quase morto
Pelo desejo consumido
Desejo impulsivo
Pelo pulso esculpido
De um artista enlouquecido
Quando ao longe percebido
O cansaço de um gemido
Deste corpo quase nu
Lentamente pela obra despido
Feito luz de abajur
Quadro imperfeito na pintura
De falsa moldura
Reflexo de um corpo em desespero
Violentado pelo medo
Revelado na loucura do pintor
Atentado ao pudor
Escandalizado em sua beleza
Acorrentado na pureza
Penalizado por sua cor negra
Dentre tantos outros corpos
A imaginária de um crepúsculo
A visão de um corpúsculo
Subitamente violentado.

Pelo autor Marcelo Henrique Zacarelli
Maio de 2002 no dia 05
Itaquaquecetuba (sp)