"Bucólico"

Existe um lugar, escondido neste mundo,
Lá onde a vida vê o tempo a passar,
Devagarinho, como as águas do regato
Que corre manso, da nascente para o mar.

Uma casinha, bem humilde, pequenina,
Lá na floresta em um vale acolhedor
É bem bonita, tem floreiras nas janelas
Foi construída para um ninho de amor

Quando amanhece sinto o cheiro da palhada,
Ouço o murmúrio do riacho lá nas pedras
O despertar dos passarinhos em gralhada
E lenha no fogão a crepitar em labaredas.

Em frente a casa, quase dentro do terreiro,
Tem uma velha ponte de pedra, é arqueada
Me sinto triste quando atravesso viajeiro
E me alegro quando a passo na chegada.

E na lagoa que repousa um pouco a frente,
Me sento sempre a descansar de alma nua,
Se é dia reflete o sol incandescente
Se é de noite ela reflete a luz da lua

Aconchegante, quando acaso é inverno,
Na lareira brincam chamas dançarinas
Em um bailado mágico, lúdico, moderno,
Num cintilar de faiscantes purpurinas.

A noite é quieta, em completo abandono,
Um olhar fugaz no firmamento estrelado
Vai a lua cheia derramar lume profano
Com a beleza de seu manto prateado.

Ah! Pela vidraça vejo a luz da candeia
Que valseia perdida entre o luar e o chão
Lá dentro guardado, meu sonho anseia
Que seja o lugar em que vive meu coração.

14/10/05

Canções

Cada vida uma canção
Canção de desespero dor emoção
Alegrias, empatias felicidades
Uma canção que não foge da verdade
Hoje cantei uma canção
Nem sei por que tanta emoção
Talvez por causa de uma musica que mexe com meu coração
Ou pelo pôr do sol que mexeu com meu coração
As vezes ouço canções tão tristes
De pessoas que da vida desistem
Outras vezes canções de força
De pessoas que não se entregam nem na forca
As vezes tento definir minha canção
Se de fraqueza ou de força ou de pura emoção
Todos nós somos canções no decorrer da vida
Canções que sempre buscam uma saída

O Preço

A morte mais uma vez pede passagem, nunca carona
Em curvas perigosas e em olhares distraídos,
A morte mais uma vez lhe visita.

Como viajante, errante,
Em um movimento alucinante,
Carros vêm, vidas vão,
Os culpados onde estes estão?

Aonde a estrada é chamada por um numero,
As vidas perdidas viram estatísticas,
As lagrimas de famílias são em vão.

Me diga, por favor alguém explica!
Qual o preço da vida?
Qual o custo da morte?
Quem se arrisca em uma viagem
Quase sempre só de ida.

É difícil imaginar uma saída?
Talvez falte vontade política,
Ou se faz necessário perder mais vidas?

O asfalto já não tem manchas,
Sangue não é o bastante?

Me diga, por favor alguém explica!
Qual o preço da vida?
Qual o custo da morte?
Quem se arrisca em uma viagem
Quase sempre só de ida.

Susuros

Tan hermosa vista que tenía esta noche
Los ángeles vinieron a visitarme
Tan sublime como el sol,
Y una belleza sin fin.

Me tocó y me hizo sonreír
Como en un buen vuelo
Libera mi alma,
Llevar la paz a mi cuerpo.

Ya no me sentía más miedo,
El frío no era parte de mí.
Tal vez mi cuerpo se
Lleno de amor.

Y para abrir los ojos por la mañana
Me sentí una fuerte energía
Que emanan de dentro de mi ser,
Era la voz de Dios que me llama a vivir.

Onde não há limitação

Desejo fugir,
Para nunca voltar,
Ir para longe daqui,
talvez para outro lugar

Onde não há limitação,
magoa, ódio ou rancor,
Onde se faz canção,
cânticos de paz e amor

Onde tudo é belo,
sem lugar á tristeza,
onde se faz eterno,
as belezas da natureza

Onde haja diferença,
Um mundo não tão violentamente,
E que a nossa única sentença,
Seja viver eternamente

Marlon Bittencourt

Devaneamos

Fui à farmácia
Comprar um parafuso
Para consertar minha cabeça
O açougueiro generoso
Convidou-me para tomar um café
Mas chá eu não queria
Chamei o porteiro que me trouxe o jornal
Notícia boa:
A última pessoa com coração mau foi extinta do mundo
Ontem a tarde ele se rendeu voluntariamente
Foi enfim ao cardiologista

Porém Efervescente / Marcelo Plácido
Editora Inteligência. 2010.

Tri frases

Um amigo se torna inimigo quando não age com a verdade.
Um justo sem piedade desabraça a justiça.
A bela fala nasce do mais belo ouvir.

Sou imundo ao julgar, não vim para isto.
Posso me lavar melhor que aos outros.
Uma ajuda nunca se paga, será sempre uma dívida.

É minha pequenez que me liberta.
Sou mais o outro quando não deixo de ser eu mesmo.
Exorto o Mundo quando cumpro meus votos.