ZARPANDO PELAS MESMAS ÁGUAS

Nem chuva, nem bruma, nem sol:
Meu poema são as crianças
Que, com seus pais,
Acossados pela miséria,

Trabalham nas arcaicas fábricas
De carvão
Para que possam semear
Miragens de satisfação

Que ludibriem a fome
Enquanto demoradamente consomem
Uma raquítica nuvem de pão!

Meu poema, afinal, é acerbo:
Caminha abraçado
Á estrada dos versos baldios, estéreis arvoredos!

JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA

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