Não posso,
nem ouso relaxar
e achar
que o mundo
é sempre profundo.
Como tudo
que como
certamente não pára aí
Aí penso se é certo
voltar a comer
Não sei a profundidade
das mudanças
Não sei o que “mundou”
Quais venenos
foram transformados.
Não sei se encuco,
e em caso de saber,
quem vai desencucar?
Quero apenas
não ter medo
dos vegetais
Vê-los sempre servindo
aos animais.
Esses seres não podem sonhar
Porque não quero comer sonhos
Porque as rosas apenas
fomentam sonhos aos animais
As orquídeas sensibilizam,
provocam emoções, não as têm.
Mas, não as quero animais,
para que não venham a sonhar.
Meu apetite sangüíneo
vai continuar,
e eu continuarei
alimentando-me do que está para mim
como os vegetais.