Leitor, hoje o assunto
é a tal gastronomia
Pra saber se esse tema
cabe numa poesia
falo no prazer da mesa
e na dieta sadia
O prazer da mesa é
aquele encontro marcado
com pessoas solidárias
para ser compartilhado
que com certeza dispensa
um menu sofisticado
Que quando se querem bem
os que fazem refeição
não importa se o prato
são ovas de esturjão
ou a comida caseira
farinha, arroz e feijão
Mas havendo desavença
no jantar ou no almoço
quando se bebe é salgado
quando se come é insosso
e até no manjar mais fino
a farinha faz caroço
Mas esse encontro na mesa
já está em extinção
Os filhos comem no quarto
com joystick na mão
e os pais comem na sala
vendo a televisão
Quem se alimenta bem
não pratica o excesso
porque existe perigo
até no café expresso
e a sua conseqüência
não calculo e nem meço
Mas tem aquela pessoa
que exerce a glutonaria
assaltando a geladeira
seja noite ou seja dia
e seu corpo é que padece
por comer em demasia
Quem tem por prioridade
o prazer do paladar
a fome que experimenta
é difícil saciar
porque faz o seu almoço
já pensando no jantar
No campo da gulodice
ouvi dizer que alguém
calculou o que comeu
pelos vagões de um trem
Tem outros na estação
com o bilhete também
Eu conheço um sujeito
que comeu tanto feijão
que diz que quando casar
a famosa refeição
vai ver no DNA
da futura geração
Fazendo uma brincadeira
quero arriscar um palpite
que o rico e o pobre
não tem o mesmo limite
pois o pobre tem a gula
rico só tem apetite
Certa vez li no jornal
e até fiquei surpreso
que o excesso é praticado
não somente por obeso
mas também por quem evita
ficar acima do peso
As modelos, por exemplo,
desfilando em passarelas
somente com anemia
são consideradas belas
Em cabides de vestidos
foram transformadas elas
Por isso é recomendável
a dieta equilibrada
Sem comer em demasia
nem ficar sem comer nada
a medida na balança
nunca vai ficar errada