Não desejes, nem sonhes, alma incauta com a ilusão passageira,
Lembre-se sempre que a ilusão tem o encanto da sereia,
Não desejes nem sonhe com a ilusão,
Pois ela e semelhante às noites aromais de lua cheia que
Seduz e perde, em alto mar, o nauta.
Feliz daquele que os seus atos e anseios modera
Dentro dos dons da vida que o rodeia,
E acha o seu leito macio e a sua mesa farta
E vive na indiferença da fortuna e coisas alheias…
Feliz de quem, da vida para a morte,
Embora pobre, de pobreza triste,
Contenta-se, afinal, com a própria sorte.
Se há ventura no mundo, essa consiste,
Talvez, em suportar, de ânimo forte,
A renúncia de um bem que não existe.
Eliezer Lemos