Coloquei sentimentos demais em meu olhar
E ele veio a transbordar doces gotas
A pular em um abismo breve e carrancudo,
Ao recordar talvez de algum amar…
Ou soltas e agressivas palavras
A retornar em meu vago pensar,
Soltas a trilhar num mundo duplo
Onde jamais alguém poderá alcançar,
Alçou voo a um precipício sem volta,
Chão sujo, duro, ingrato, pisoteado,
Que acolhe obrigado, doce que amarga,
Água que logo vira barro em meio a pó
Sem a menor chance de resgate,
Depois de lançadas, nada lhes refugia,
Nada lhes acolhe, nem dó nem piedade…
Evapora então bem de pressa, vira ar,
Que meu silêncio vai pingar pela cidade,
Larga esse sentimento mal lembrado,
Machucado, escondido pelas covas,
Pelos cantos das calçadas imundas,
Que essas minhas gotas de saudade
Caim cheias… morram… evaporem
Pra nascerem livres… Irem
Pro céu virar chuva de verdade.