AMOR DE DESESPERO

O desespero é uma incompletude desfigurante.
ÚNICA, pois a palavra por si só é uma imagem,
Não descende de nada nem de ninguém,
EXISTE, simplesmente.

Áspera:
Parece a espreita de uma visão deserta de sonhos
De per si, é a espera pelo sol da meia noite,
Experimentá-la é sentir que algumas palavras não têm rima,
Nem com todos os carinhos,
Nem com o último açoite.

É, o desespero é uma incompletude.

É uma porta entre aberta,
Nunca se resolve: indecisa,
Promete a possibilidade de outra dimensão,
E permite a invasão da solidão

Afinal o que é esta coisa que nem mesmo se soletra?

Começa com angustia e termina com esperança,
-De que?
-Não sei, mas tem!!!
E no meio: Olhos arregalados, mãos frias e trêmulas, boca seca e gosto amargo, nó na barriga, garganta amuada, coração disparado, e o peito apertado.
-Ufa!!!
-Acaba o ar, e desta coisa ainda há um bom bocado!

Deste rol de desarranjos gostaria de dar gargalhada,
Mas esta coisa é séria, não é palhaçada,
E só mesmo quem nunca provou desta desventura,
Para dela fazer, farofa de galhofada.

Aliás, confabulando com as dores do acaso,
Eu sim a conheço bem.
Lá daquelas tardes inteiras perdidas entre aspas,
Onde o meu bom (e quase morrendo) amigo de todas as horas,
[O Zé alguma coisa, que coisa alguma é]
Certa vez me disse:
– cuidado menino, que a prosa às vezes embola a língua
Começa dizendo sorrisos e cantos, termina chorando e amando.
– E para não deixar teu entendimento à míngua,
Dou-te a palavra completa e termino palestra
É o desespero o amor verdadeiro.

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