A vida foge

A vida foge nas folhas, cinzas ao chão,
nos galhos retorcidos pelas queimadas
nas árvores cortadas, carbonizadas
na amazônia devastada, agonizante pulmão (do mundo).

A vida corre qual cometa,
nos curtos espaços da gente
que se aperta nos coletivos e estádios
para ver as telas, as brigas, os jogos…

A vida escapa da rotina
nos programas da noite agitada, violenta
no dia que engarrafa, suor que escorre
na condução parada, na buzina incessante

A vida escorre em gotas na vidraça
das chuvas torrenciais, intermitentes,
no frio tempo, na criança que chora
nos olhares incertos, do futuro tementes

A vida morre para aqueles que a gente explora,
que fogem dos ideais e valores humanos,
inda que escapem do julgamento ilesos.
Quem da verdade corre, vazio encontra e não se sustenta…

AjAraújo, o poeta humanista, escrito em setembro de 1975, revisitado em janeiro de 2010.

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