A falta de resposta

A falta de resposta

O silêncio mantido até agora entre nós
não é definitivo
nem quer dizer que você
não deva tentar outra vez.

Esta mudez é apenas uma reflexão
não invalida a intenção
não diminui, nem imobiliza os atos
e impressões.

O silêncio é somente uma pausa
um novo encadeamento e acertos
de emoções.
Não revela, em si, uma recusa
ou incompreensão
não me omite da responsabilidade do perdão
nem me paralisa diante da espera
apenas amortece os impulsos de agressão
e desanuvia as possíveis confusões.

A falta de resposta e quietude das ações
não significa esquecimento
ausência de lembranças, agradecimentos
e perda do bem-querer.

Este distanciamento é somente uma ventilação
um refreio nos maus procedimentos
um repasse de tristezas e decepções
como um pensador alimentando-se
de suas indagações.

“Perdoar significa que tentamos compreender
como as pessoas são motivadas a agir
vulneráveis a seus medos e maus hábitos.”

Perdoar, portanto, não é esquecer
é entender os portais de cada um
sem se deixar envolver por sua delimitação.

Ser amigo é conseguir perceber
quando alguma coisa vai mal
não como juiz e carrasco
mas a percepção é, sobretudo
contra desafetos
como uma maneira de impedir a perpetuação
dos enganos e da separação.

Quando isto é possível
os erros e desavenças equivalem
a mais uma aprendizagem e reconhecimento
de que a amizade é alvo de estima e conservação
sem que se sobreponha
à necessidade de atuação e renovação.

A falta de resposta não condena
nem limita
apenas denuncia a repetição.

Verazul (vera lucia m. barroso)

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