Canto I
I
Um viver d´ouro, quem vive o respeito?
Mas tu! Que vos afoite o doce ensejo…
Nas espadas fúlgidas sente o arpejo;
Ó mil homens! Que em minha maior plaga…
Como vos sentes o olho que és perfeito?
Sou como Dante, sim! Faço as cantigas.
Sei bem o soneto, que amo as amigas…
Fiz-me os versos lúcidos como a vaga.
II
Que vos amais o mover do romance;
Assim, já tenho o labor mui bondoso
Escrevê-los já posso, mas sem gozo…
Eis-me o grande autor! Sou poético.
Que em obra lírica já fiz a chance…
Que és do sentimento como me olhavas;
Que vos saibas amar como me amavas,
Ó mancebos! Senti-me o ser ético…
III
Os homens que me viram a bondade;
Senteis a alma vagarosas sem dor,
São tão fortes a lutar o langor…
Valei-me d´ouro a latejar o lírio!
Sou poeta! Mas amo a lealdade!
Como vós sois os guerreiros do sonho!
Armas, que lançais o navio risonho…
Sento-me os versos da história no rio.
IV
Vês! A poesia mimosa eu sentei-me!
Qual nos alvos ditosos vós olhais-me!?
Sem algas! Os bons versos vós amais-me…
Eis-me o clangor fatal à boa terra…
Lembra-te que o passado não vos queime!
Vós, que amais a plaga maravilhosa.
Vós, que sabeis a margem deleitosa.
Lutai-vos os reis fúlgidos à guerra.
V
Ainda bem que vos veja o presente,
Trago-te as Ninfas amadas à vida;
Tu foste o amor da voz emudecida.
Como o rei-sedutor, que és bem-amado
Tens as loas a beijá-las bem quente,
Do coração só vive o forte amante,
Se és tão doce como o jovem possante…
Dou-te o poema de amor bem falado.
VI
Se a lassidão vos fulge, minha luz!
Ó grande guerreiro! Nos alvos da alma…
Nos astros d´ouro já leu tanta calma!?
Sim! Inspirei-me os versos da beleza!
Guardai-me as rimas! Tens o meu capuz…
Ei-lo a esquina do homem! Inda és bem forte!?
Dei-lhe o poema da alma sobre a morte.
Fora o sentimento da alva em pureza.
VII
"São tão lúcidos como bons guerreiros,
Os bons guerreiros vos tornam a luta
Plangei-vos o fulgor da alma absoluta!
Tu, que adoras o meu poder da aurora.
Oh, meu Deus! Vós sois os jovens inteiros!
Luzindo o vosso poder da alvorada,
Donde houveste a tua força vagada!?
O vosso homem foi morto! Já chora…"
VIII
Mas d´água… Que eras a minha avidez!
Deu-me os versos deleitosos sem choro;
Embora o viver vos torne o bom soro.
Sou mui bondoso… Tenho o sentimento!
O labor d´água, se és a languidez…
Tornei-me a Poesia do grande Deus!…
Subi-me ao querido anjo em vossos céus;
Senti-me o poeta místico em vento!
IX
Se palpita o meu ser a desejar-lhe.
Sou forte como Deus! Eis-me o lirismo…
Que o meu ser já prive ao teu fanatismo,
Ó homem imortal! Que amas o enleio?
Foste mui triste em homem a adorar-lhe,
Ergue-te a batalha! Sente o sorriso…
Brilha-te a força do viver bem liso.
Amigo, pois que já me brilhe o seio.
X
Tenho os versos da cura a vagar-te;
Foste vivido como o bom guerreiro
Ó meu Deus! Faze-me o forte dinheiro!
Deste-me a perfeição, mas da batalha
Embora vos amasses bem a amar-te;
O azo perfeito, que vens a coragem.
Hás de brilhar-vos a força da vargem;
Queres que o firmamento já lhe valha!
XI
Banhas-te o corpo vermelho sem dor;
Ditoso e forte, que vos ames tudo!
Dá-lhe a lealdade do forte estudo,
Dou-lhe as mãos luzidas ao doce sol
Venceste o mal, como o maior amor;
Sem pavor, sim és um grande bárbaro!
Sou poeta! Faço-te o viver raro.
Lutai-vos a alma do vosso arrebol!
XII
Pois que já tenha a fulgir-vos a espada,
Se és tão poderoso que já vos sentes…
Sabes, mas tens os homens bem ardentes
Fora-lhe a lança da chama! Sem vida!
Que em teus postos deram-lhe a força alçada,
Ó vilão fúlgido! Sim, pois sem céus…
Queres que seja os bons arqueiros teus!
Volteia a lutar a vaga lânguida!…
XIII
Ó mil homens à volta da bondade!…
Lançai-vos contra o mal a desejar;
Vós sois os bons mancebos a vagar.
Sem palor, quem vence o vilão perfeito
O maior guerreiro, como a vaidade…
Queres sentir-vos o coração vivo;
Tornai-vos o jovem do ser ativo…
Tornei-me o poeta do Deus no leito.
Autor:Lucas Munhoz