Rubra paixão
Flor que a rubra paixão do trópico incendeia,
branca e virgem, no ardor dos sonhos causticantes;
a ânsia, em que te fervo e refervo o sangue
em cada artéria e veia,
aflora em teu olhar num clarão de diamantes…
A volúpia do sol de tua carne afogueia, incendeia…
Há luxúrias de mar nos teus seios arfantes…
E, em teu corpo, que tem a brancura da areia,
há curvas sensuais de praias fulgurantes…
Ah! Teu beijo é semelhante aos ardores do sol,
o sol que ensangüenta o céu e chamusca as matas virgens;
as larvas que saem de furioso vulcão,
modificando as paisagens e a própria natureza;
o oceano, o mar que afoga o horizonte em pérolas e brumas.
O oceano, o sol, a larva e os sonhos ardentes
que te inflamam,
pouco se comparam com meus beijos,
com os quais vou cobrir-te em borbotões de espumas;
e com meu fogo vou queimar-te em turbilhões de chamas!
Eliezer Lemos