PALPITA MISTÉRIO II

Amada amante, dançarina de um país distante,
Abstração incontável, doce lamúria musical indecifrável.
Como quisera eu te descobrir, como quisera te envolver.
Dentre as lágrimas vertidas pelo choque do teu olhar,
Acertas cada vez mais a morte, aquele que ousa te amar.

Morena serena de cabelos compridos e pele suave.
Serena, salina, veredas.
Quem se fizer louco buscará tê-la,
Quem se fizer lúcido tentará detê-la
Até agora não sei o que o busquei, o que encontrei ou o que espero.

Escárnio ímpio! Oferecida fostes a Jacó e aceita por Esaú
Como um prato de guisado dado a um mendigo faminto,
Uma trama de sabores fortes que pelo mais alto direito foi vendida.
Jacó se escreve com o tempo, se forma como o vento,
Avança diante da inquietude ébria da alma suplicante.

Esaú é pobre vítima que se faz faminta de amor,
Preso nas armaduras que cada toque do olhar mostrou.
Jacó andou solitário, vestido e despido num itinerário,
Que sua consciência em vão julgou.
Jacó e Esaú, Esaú e Jacó, Jacó e Esaú.

Mais uma noite sem fechar os olhos
Buscando lembranças que revivam os dias áureos
Onde cada passar das horas era acompanhado da pura emoção.
Se fosse a noite inteira, se fosse toda a tarde,
Eras linda, eras sol, eras chuva! Incontrolável furacão.

Na estrada próxima ou nos mares distantes onde sempre há um porto seguro
Tuas mãos macias, teu olhar constante, se chocam em meus instintos,
Que há muito desliguei do tempo.
Cativam minhas dores presas num labirinto que não está no ouvido,
E elas procuram Teseu piedoso para que as possa libertar.

Por que não és Desdêmona de Otelo?
Assim o príncipe mouro poderia te matar e eliminar todo o resquício do teu sabor.
Que ficou preso em meu corpo, dourado em meus lábios
e como uma lembrança que não quer se perder, agarra-se todos os dias
e firme como uma âncora no fundo do mar hesita em me deixar em paz.

O riso se tornou pranto,
O abismo se tornou canto,
A bela se tornou fera,
O presente se tornou espera,
O cisne se tornou branco,

Tornou-se o beijo ósculo santo, e cada manhã que era uma nuvem de sorrisos,
Agora é uma manhã de acenos e improvisos.
Cada som, uma lágrima, cada cheiro um torpor,
Cada beijo uma lembrança perdida buscada pela mão acusadora,
E das entranhas cintilantes da alma renascida se ouve o último suspiro de dor.
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