Olá, curioso leitor que coloca seus olhos nestas linhas redigidas por um autor que tem bastante tempo livre e decidiu pôr aqui suas idéias!
Eu, como você certamente não notou, sou um narrador. Pode ser que se interesse por tudo neste texto, exceto por minha existência.
Nós, os narradores em geral, não temos nossa presença valorizada pelos leitores e, para falar sério, não nos preocupamos, pois temos a certeza de que nada chegaria à mente das pessoas senão por nossa voz.
Mas ninguém sabe que somos assalariados como muitos trabalhadores e exercemos serviços numa conceituadíssima empresa que cede ao escritor o necessário para a produção textual.
Tudo geralmente começa com minha singela introdução. Note que esta costuma ser deveras apreciada, mas o narrador que a faz, não. As pessoas tendem a valorizar muitas vezes mais o Eu-lírico dos romances e novelas que leem, pois ele é membro de um setor similar e seu salário é um mistério, mas devido à grande procura por ele deve ser muito grande, aliás, enorme.
Isso até entrarem em campo as personagens. Todo mundo se identifica com pelo menos uma do enredo mas ninguém se identifica conosco, a não ser que, por economia e para manter a aliança com a C.L.T., o autor economize horrores elegendo um ou uma protagonista para narrar sua vidinha de estrela bem-sucedida ou outra personagem-testemunha, que ganha um adicional, horas extras valiosíssimas que nós perdemos!
Nossa onisciência e onipresença nos permite estar sempre um passo à frente de tudo e de todos. Nós nos divertimos muito fazendo mistério sobre conflitos, pois quem lê rói as unhas de pavor, sem saber o que encontrará nas próximas linhas enquanto nós, geralmente cansados de saber o que será, tomamos postura torturante e cruel, não revelando nada de imediato, dependendo da vontade de quem escreve…
A obviedade me leva a crer que muitos me classificarão como parcial ou intruso em uma análise literária mais profunda, ou até dirão que estas palavras são do autor e não minhas. Tudo bem, uma vez que narrador que se preza está acostumado com tais condições de trabalho, das quais toma ciência assim que assina o contrato de admissão.
Revelo que sou de fato um narrador não confiável. Não digo isso para crerem que sou falso, mas para que fiquem com a eterna dúvida se fui eu de fato que disse tudo isso. Evito com tal atitude que alguém venha até minha repartição para estimular-me a entrar em greve ou pedir as contas, afinal alguém precisa narrar fatos e nem todos os benfeitores têm suas obras reconhecidas no decorrer da impressionante história da humanidade.
Links para download gratuito de meus livros:
Noites em Quitaúna:
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R. Marquês de Itu S/N:
http://www.4shared.com/zip/Xh4P7Pfuba/R_Marqus_de_Itu_S-N.html