PÊNDULO

Olha o só coração, vê o seu relógio,
Mas não sabe que horas são.
Veja ainda suas veias, entradas abertas,
Uma viagem incerta, paredes feitas de ilusão.

Bate com o toque forte dos ponteiros,
Sente ainda ressaltar o seu tambor,
Não entende se vive apenas passageiro,
Ou se perdeu a linha, a isca pescador.

Aprende que o sangue por ele já passou,
Uma vez ou mais, já não sabe precisar,
Ainda que a si mesmo delegou,
Asas de passarinho sem saber voar.

Voou longe e solitário meu pequeno,
Não tive força ou vontade de impedir,
Tomou chuva, vento forte e sereno,
Viu o sol e não pode mais partir.

Voa alto coração de passarinho
Traga uma rosa para ver se bem me quer,
Não tenho medo de dormir aqui sozinho
Tenho ao meu lado o aconchego de mulher.

Alguém que bateu asas num instante e chegou
Mulher de um nome limpo, puro que não é vão,
Flores de pétalas com o cheiro de quem casou,
Isabel, mulher e esposa me diga que horas são.

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