NOBRE SERVO

Quando tudo passa, eu vou me sentar,
Elevar meus pensamentos a um céu,sem nuvens,
mas onde o sol há muito deixou de brilhar.

Admiro e vejo tudo o que fui: Menino, adolescente e homem.
Mas esse tudo não parece ser completo,
E eu pareço não obedecer à ordem, se é que existe alguma.

Não sei por quanto tempo ainda estarei aqui,
E não sei quais lembranças deixarei.
Se ao menos estivesse certo sobre a eternidade de meu nome!

Posso virar poeira carregada pelo vento ou uma pedra de gelo derretida pelo sol.
Sou caminhante solitário nessas ruas sem destino,
Sou homem atento com olhar profundo de menino,

Tento me encontrar e me perco outra vez,
E ao passo dessa brincadeira insana foi que meu futuro se fez.
Ainda que tentasse algo novo, não sei se teria pernas para galgar.
Perdi minha montaria no início do livro,
E continuei por todas as páginas como um escudeiro sem lar,
Com riquezas de espírito, mas sem nome para ser reconhecido.

Mas as páginas finais são apenas para cavaleiros,
E tive de parar minha façanha, minha luta pela vida onde se ama.
Então fui investido, sou um vassalo leal,
Porém estou distante de meus suseranos e eles nada podem me dar.

Agora corro louco e desenfreado pelas encostas tépidas de um rio alado,
Que despeja sobre mim suas gotas nobres.
E ao sentir minha roupa úmida, percebo também que estou cansado.
Cansado de correr na direção contrária e sempre chegar à sensação de onde saí.

Se há vitória eu não sei!
Sei que há somente um fadigado guerreiro sentado na campina,
sem sua armadura, sem sua espada, sem a bravura, que há muito foi abandonada.
E na boca um amargo sabor do que um dia foi doce mel
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