Tão inevitável, meu Deus, quanto o amor
é a dor, a dor de não ser correspondido,
de encontrar-se perdido em algum lugar
sem ninguém preocupado em nos resgatar.
Mais intenso que o calor escaldante do verão
é a friagem cortante de sentir-se esquecido
por quem nosso coração bate mais forte,
se dele não se lembrar, por acaso, a morte.
De tudo, nada arranha mais o espelho da alma,
que existe. Nenhum trovão ruge na lembrança
mais que o sonho de amor despido da esperança
de ser, um dia, revivido, com a mesma fantasia,
enquanto houver luz,
enquanto houver vida,
e enquanto na vida que reluz,
ainda houver um filete de encanto.