Cessação
Ah, esta ternura!
Ao mesmo tempo, esta cessão.
Parecem atos de duas mãos:
um ato toma a direção
e ajuda a temperar as mazelas da desilusão.
O outro, faz secar os sentimentos da paixão.
Então, não há mão, pois, simplesmente,
cessaram os desejos da união.
Assim, uma mão é de esperança.
A outra, de separação.
Os atos unidos, adiariam a contramão.
Divididos, reforçam a punição.
Vem a dor, e os sentimentos deságuam no mar.
E quando mareiam para a praia,
não há mais raízes de amor;
o sal trincou a libido e os sentidos.
Espalha-se a vontade de amar num corpo sem tesão.
A secura torna a inibir a emoção,
voltam os atos a trafegarem em duas mãos:
a mão que pune,
a mão sem semeadura;
a mão que arma,
a mão sem ação.
Agora, separadamente, já não há coração.
Cruza a mão o destino sem volição.
Adeus ternura!… semea-se cessação.
Verazul (vera Lucia m. barroso)