Um casal vivia uma rotina fatigante, na qual ambos eram responsáveis por uma turma de aprendizes. Um lecionava no turno da manhã e a outra no da noite. Os alunos eram variados: alguns admiravam o professor e outros a professora. Diversos poemas eram feitos em homenagem a ela, enquanto os escritos dedicados a ele costumavam ter cunho científico.
O homem, forte e rígido, impunha respeito a todos. Sua fúria fazia recuarem de pavor e tremer, temendo perderem suas plantações e seus animais. Milhares de pedidos eram feitos, nos dias em que ele estava mal humorado, para que ele chorasse, mesmo que só um pouco, para que a ternura das lágrimas trouxesse vida à terra e fizesse florescer fartura.
A mulher era branda. Inspiração de muitos poetas. A cada temporada aparecia com uma nova face, refeita e esplendorosa. Sempre era vista rodeada por suas filhas. Estas eram quase tão brilhantes e bonitas quanto ela. Gostava de reger as discípulas, dando-lhes estímulos de como melhor agir dependendo da fase e guiava os marinheiros para pontos de segurança, casualmente.
Pouco se viam. Geralmente marcavam encontros à tardinha, mais ou menos às cinco e meia. Nestes poucos minutos de lazer, pintavam um quadro azul, decorando-o com diversos tons de vermelho. A obra de arte enchia os olhos dos espectadores. Muitos viajavam inúmeras léguas marinhas apenas para presenciar o espetáculo incandescente no horizonte.
Seu motivo de maior orgulho eram os dias em que comemoravam aniversário de casamento. Unidos, alçavam aos céus, trazendo olhos curiosos e fascinados, vindos do chão. Ficavam ali, juntos, indiferentes ao tempo num abraço imperial, abençoando a todos os comovidos por aquele espetáculo de fogo e luz.
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