Estou só, ao teu lado, não me vês pelos teus olhos,
Na escuridão da alcova em que deitas para dormir,
Permite que invada, teu reino, onde tímido encolho,
A visão, te desnuda, quando o lençol tenta encobrir.
Não sabes, talvez sonhe, te velo em etéreo sono,
Dentro da penumbra, abandono em ti, meu olhar,
Toco teu lábio, rubra gota de amor, vaga, sem dono,
E procuro na sedosa pele, leves carícias te roubar,
No calor das insones noites deste eterno verão,
Não encontro resposta nas orações que eu desfio,
Enquanto descansas alheias ao meu atento serão,
Tateio pelas curvas do teu corpo, onde me sacio.
Vagar em pensamentos solenes, na serena noite,
Prisão em que vivo ainda, por tantas madrugadas,
Me envolve no castigo, e nem o mais forte açoite,
Me priva do desejo, que é tua nudez desvelada.
Transgredir seu sonho, não me permito, enciumado,
Cerro a cortina para que não possa, o cálido luar,
Envolver, em branco raio de luz, teu corpo adorado,
Tomando em teus domínios, meu perfumado maná.
Quando teus olhos, aos porfiosos raios da manhã,
Descerrarem, provavelmente, eu estarei serenado
Enquanto as águas, que te envolvem quando banhas,
Estarei sonhando, o sonho lindo, de te ter amado.