O Espelho E A Maldição

Não deixe
Que te tomem o corpo
Que te abandonem a mente
Que te beijem falsamente
Que te jurem amor eterno

Não sinta
O prazer de achar que tudo é para sempre
A vida indo embora
As lágrimas escorrerem do seu coração
Os espinhos furarem a tua mão

Não seja
Algo que você não é
Covarde, muito menos inescrupuloso
Tão vulgar com os outros
Rei, se não tens majestade

Ouça:
A vida continua
O amor na sua forma mais crua
Fez-me perder o juízo

Com ela fiquei cego, surdo e mudo
Não via defeitos
Só a perfeição
Que não existia

Enquanto alertavam-me
Fingi não escutar
O pior cego
É aquele que não quer ver

E num momento
Despertei do sonho/pesadelo
Senti-me sujo/imundo

Queria que tudo fosse diferente
Pensando, sinceramente
Acho que não foi amor
Foi apenas
Fissuração

Na frente do meu espelho
Vi-me abatido
Completamente derrotado
Jogado no chão
Humilhado
Pisoteado

Reuni minhas forças
Levantei a cabeça
Enguli as lágrimas
E caí na vida

Agora
Tudo ficou mais limpo
Mais brando
Mais branco
Mais… puro!

E com a alma lavada, disse:
– Você foi o tipo certo
Da pessoa errada!

O Espelho piscou para mim
E num momento de tontura
Percebi que a maldição
Havia se desfeito.

(Antonio Leonardo Lopes e Silva)

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